sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Álvaro Borges Vieira Pinto














“A pesquisa científica é uma forma das mais elevadas e fecundas de servir o Brasil. Os homens de ciência devem ser cercados daquele carinho e daquele estímulo que lhes permitam realizar no recolhimento dos seus laboratórios, o que deles espera a técnica para transformar em riqueza os nossos potenciais econômicos.”


Nasceu em Campos em 11 de novembro de 1909 e faleceu em 11 de junho de 1987, de infarto, na Casa de Saúde Santa Maria, em Laranjeiras, Rio de Janeiro. Era filho de pequeno comerciante.
No Rio de Janeiro, conclui seus estudos no colégio Santo Inácio, em Botafogo. Se mudou com a família para São Paulo, onde entrou em contado com o ambiente intelectual paulistas do Largo do ouvidor.
Volta para o Rio, ingressando na Faculdade Nacional de Medicina. Nessa época seu pai fora vitima de um insucesso econômico e logo a seguir sua mãe veio a falecer. Forçado a trabalhar, Vieira se credenciou a um colégio religioso onde passou a dar aulas de Filosofia e Física para o ensino médio.
Em 1931, assumiu, como acadêmico de medicina, a vice-presidência da Ação Universitária Católica do Rio de Janeiro (AUC).
Em 1932, conclui a graduação e tenta instalar sua clinica em Aparecida (SP). Sem êxito, retorna ao Rio de janeiro, onde inicia o exercício da medicina. Nos próximos anos dedica-se aos estudos e pesquisas laboratoriais, envolvendo-se na pesquisa sobre efeitos da radioterapia e  da elevação da pressão atmosférica no tratamento e cura do câncer.
Em 1934, ingressou na Ação Integralista Brasileira (AIB), grupo de inspiração fascista sob a liderança de Plínio Salgado.
Formou-se em Física e em Matemática pela antiga Universidade do Distrito Federal (UDF). Foi convidado, pelo então reitor, Alceu Amoroso Lima, da Universidade do Distrito Federal, para ministrar na Antiga Faculdade de Filosofia o curso de Lógica Matemática, pela primeira vez oferecido no Brasil. Logo após passa a lecionar na Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil.
Católico, Vieira Pinto manteve estreitos laços intelectuais com filósofos e pensadores religiosos.
Após a II Guerra Mundial, vários professores alemães deixaram as suas disciplinas vagas na Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil. Vieira Pinto então passou a responder pela cadeira de História da Filosofia, como professor assistente.
 Em 1941, tornou-se colaborador da revista Cultura Política, publicação que reuniu os mais expressivos intelectuais do Estado Novo, assinando a coluna "Estudos e pesquisas científicas".
Em 1949, viaja para a Europa, onde permanece por um ano estudando na Universidade de Sorbonne, Paris (França). Ao retornar, torna-se titular da cadeira de História da Filosofia da  Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil.
Em 1951, Vieira se afastou da pesquisa médica e passou a se dedicar exclusivamente ao ensaio e ao estudo da Filosofia.
Em 1955, aceita o convite de Roland Corbisier para chefiar o Departamento de Filosofia do recém-criado Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), organizado no âmbito do Ministério da Educação e Cultura.

Em maio de 1956, através do Itamaraty e a convite do embaixador do Brasil no Paraguai, Negrão de Lima, Vieira Pinto passa a lecionar na Universidade Colombiana e, também, na Universidade Nacional do Paraguai, onde recebe o título de Doutor de Honoris Causa.
Em 14 de maio de 1956, no auditório do MEC (Ministério da Educação), com a presença do presidente Juscelino Kubitschek, proferiu a aula inaugural do ISEB.
Em 1961, o Ministério da Educação indicou Álvaro Vieira Pinto para ocupar a direção executiva do ISEB.
Na chefia do Departamento de Filosofia do instituto, lançou a coleção "Textos de Filosofia Contemporânea do ISEB" e publicou Consciência e realidade nacional, considerada sua obra filosófica mais sólida. Em 1962, assumiu a direção executiva do ISEB, tendo de enfrentar uma difícil situação financeira e uma permanente campanha difamatória movida pela imprensa conservadora, tendo à frente o jornal O Globo. A oposição ao ISEB tinha como motor o comprometimento do instituto com as reformas de base defendidas pelo governo do presidente João Goulart (1961-1964).
Com o golpe militar que derrubou Goulart (31 de Março de 1964) e a repressão desencadeada a seguir, a sede do ISEB foi invadida e em 13 de abril os militares decretaram a extinção do instituto. Cassado pelo Ato Institucional nº 1 (AI-1), Álvaro Vieira Pinto se refugiou no interior de Minas Gerais e depois partiu para o exílio, primeiro na Iugoslávia e depois no Chile, onde trabalhou como pesquisador e professor no Centro Latino-Americano de Demografia, órgão ligado à Organização das Nações Unidas. Em dezembro de 1968, às vésperas da edição do AI-5, que marcou o endurecimento do regime militar, voltou ao Brasil
De 1970 a 1978, Vieira se fecha em seu apartamento. Precocemente aposentado e sem trabalho regular, se mantém traduzindo para a “Vozes”, editora católica sediada na cidade de Petrópolis, sob o pseudônimo de Francisco M. Guimarães, Mariano Ferreira ou de Floriano de Souza Fernandes, obras de autores consagrados como Arnold Toynbee, Georg Lukács, Noam Chomsky e Claude Lévi-Strauss.
Álvaro Vieira Pinto é conhecido como o primeiro universalmente importante filosofo brasileiro. Paulo Freire, por diversas vezes, referiu-se a ele como sendo seu mestre. Erudito, dominava oito idiomas.

Obra:

Estudos e pesquisas científicas I. Cultura política - 1941
Estudos e pesquisas científicas II. Cultura política - 1941
Estudos e pesquisas científicas III. Cultura política - 1941
Estudos e pesquisas científicas IV. Cultura política - 1941
Estudos e pesquisas científicas V. Contribuições brasileiras à matemática. Cultura política - 1941
Estudos e pesquisas científicas VI. Cultura política - 1941
Estudos e pesquisas científicas VII. Contribuições brasileiras à matemática. Cultura política - 1941
Estudos e pesquisas científicas VIII. Contribuições brasileiras à matemática. Cultura política - 1942
Estudos e pesquisas científicas IX. Cultura política - 1942
Considerações sobre a lógica do antigo estoicismo.
Filosofia actual. Asuncion: Mission Cultural Brasilenã, 1957
Razão e anti-razão em nosso tempo (JASPER, Karl. ) – introdução - 1958
Ideologia e desenvolvimento nacional – 1959
Consciência e realidade nacional – 1960
A questão da universidade -
Por que os ricos não fazem greve? –
Ciência e existência. Problemas filosóficos da pesquisa cientifica – 1979
La demografia como ciência. Chile: CELEDADE – 1975
Sete lições sobre educação de adultos – 1991
El pensamiento critico en demografia'
O Conceito de Tecnologia (2 vol.)
A Sociologia dos Países Subdesenvolvidos

Fonte:

CÔRTES, Norma. Esperança e democracia: as idéias de Álvaro Vieira Pinto. Belo Horizonte: Editora: UFMG; Rio de Janeiro: IUPERJ, 2003. (coleção origem)
(CÔRTES, Norma. Esperança e democracia. As idéias de Álvaro Vieira Pinto. Rio de Janeiro: IUPERJ, 2001 (tese de doutorado). http://www.cpdoc.fgv.br/nav_gv/htm/biografias/Alvaro_Vieira_Pinto.asp, acesso em 21 de agosto de 2008; Síntese do livro A Sociologia dos Países Subdesenvolvidos; Obtida de "http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Álvaro_Vieira_Pinto&oldid=31091796; in http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81lvaro_Vieira_Pinto   (acessado em 14/12/12).

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